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Economia

“Correios afundam em rombo de R$3,2 bi e gasta R$ 380 mi com empresas do mensalão”


Correios investem R$380 milhões em publicidade apesar de rombo bilionário. Conheça a polêmica que envolve agências ligadas a escândalos políticos.


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Estatal brasileira enfrenta tempestade de críticas por investimento milionário em agências de publicidade com histórico controverso, em meio à grave crise financeira.

Carta expressa para o prejuízo?

Imagine uma empresa com dívidas acumuladas de R$3,2 bilhões decidindo gastar R$380 milhões em propaganda. Parece contraditório? Esta é exatamente a situação que colocou os Correios no centro de uma acalorada controvérsia nacional. A estatal, que não realiza campanhas publicitárias significativas desde 2018, surpreendeu o mercado ao anunciar este vultuoso investimento justamente quando sua saúde financeira inspira cuidados intensivos.

“É como ver alguém com o nome sujo no Serasa comprando um carro de luxo”, comentou um especialista em gestão pública que preferiu não se identificar. A comparação, embora simplista, captura o sentimento de perplexidade que tomou conta de diversos setores da sociedade.

As Agências e o fantasma do mensalão

O deputado Leo Siqueira (Novo-SP) não perdeu tempo e já acionou o Tribunal de Contas da União (TCU) solicitando a suspensão imediata da licitação. Mas o valor astronômico não é o único aspecto questionável desta história – o histórico das empresas finalistas adiciona uma camada extra de polêmica ao caso.

Das quatro agências na disputa pelo contrato milionário, três carregam conexões com escândalos políticos que marcaram a história recente do país:

  • Calix: Seus laços com o governo petista de Agnelo Queiroz em Brasília (2011-2015) levantam questões sobre possíveis favorecimentos. Seu fundador, Marcello Oliveira Lopes, foi assessor daquele governo e viu sua empresa ser mencionada em investigações sobre interceptação ilegal de e-mails.
  • Nova/SB: Talvez a mais controversa entre as finalistas, tem seu nome historicamente vinculado ao publicitário Marcos Valério, personagem central no escândalo do Mensalão – um dos maiores casos de corrupção política da história brasileira. Segundo reportagens da época, a agência teria participado ativamente de esquemas de desvios em contratos públicos durante governos petistas.
  • Propeg: Com histórico de atuação em campanhas do PT, a agência enfrentou investigações por suspeitas de superfaturamento em contratos com estatais – incluindo os próprios Correios – durante a década de 2000.
  • Jotacom: Como um unicórnio em meio a um rebanho controverso, é a única entre as finalistas que não apresenta registros de envolvimento em escândalos políticos.

“Parece que estamos assistindo a um filme que já vimos antes”, observou um veterano do mercado publicitário ao analisar a lista de finalistas.

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A Defesa: “Investimento necessário para competir”

Diante da avalanche de críticas, a direção dos Correios apresentou sua defesa. Em comunicado oficial que parece saído diretamente de um manual de relações públicas, a estatal garantiu que “o processo seguiu todas as normas legais” e que o investimento é “essencial para reposicionar a marca” no competitivo mercado de entregas.

O presidente da empresa, Fabiano Silva dos Santos, foi além e jogou a responsabilidade pelo rombo financeiro no colo da gestão anterior. Em entrevista ao Globo, Santos argumentou que o déficit é herança do governo Bolsonaro e que, sem uma estratégia agressiva de marketing, os Correios continuarão perdendo espaço para empresas privadas de e-commerce.

“Precisamos reconquistar o coração e a mente dos brasileiros”, teria dito Santos em reunião interna, segundo fontes próximas à direção.

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A polarização inevitável

Como acontece com praticamente todos os temas no Brasil atual, a controvérsia rapidamente se transformou em mais um capítulo da guerra ideológica que divide o país:

De um lado, parlamentares de oposição como Nikolas Ferreira (PL-MG) questionam: “Uma estatal monopolista precisa disso? É um absurdo gastar tanto em publicidade em tempos de crise”, ecoando a indignação de seus eleitores nas redes sociais.

Do outro, defensores do governo atual, como o perfil @PTnaCamara no X, argumentam que “anos de sucateamento deliberado” justificam um investimento robusto para recuperar a imagem e a competitividade da empresa. “Os Correios são patrimônio nacional e precisam se modernizar para enfrentar a concorrência predatória”, defendem.

Entre esses dois polos, milhões de brasileiros que simplesmente querem receber suas encomendas no prazo e sem taxas abusivas observam, perplexos, mais este episódio da novela político-empresarial brasileira.

As dúvidas que não querem calar

O timing é adequado?

Com a privatização da empresa prevista para abril, muitos questionam se este é o momento apropriado para um investimento desta magnitude. “Parece que estão decorando a casa que está prestes a ser vendida, mas com o dinheiro do futuro comprador”, ironizou um analista de mercado.

Existe alguma alternativa mais econômica?

Em tempos de marketing digital e mídias sociais, especialistas questionam se o mesmo impacto não poderia ser alcançado com um investimento significativamente menor e mais direcionado.

O veredicto final ainda está no Correio

Enquanto o TCU analisa o pedido de suspensão da licitação, os Correios seguem no centro de um debate que transcende questões administrativas e toca em feridas históricas da política brasileira. A decisão sobre o destino dos R$380 milhões não apenas definirá a estratégia de comunicação da empresa, mas também poderá servir como termômetro para medir o compromisso do atual governo com a transparência e a responsabilidade fiscal.

Para os milhões de brasileiros que ainda dependem dos serviços postais – seja para receber aquela encomenda especial, documentos importantes ou até mesmo contas a pagar – resta torcer para que, independentemente do desfecho desta controvérsia, os Correios encontrem um caminho sustentável para continuar cumprindo sua missão centenária.

Afinal, como diria aquela antiga propaganda da própria empresa: “Correios: o serviço que aproxima as pessoas”. Agora, mais do que nunca, é hora de aproximar também a gestão responsável das necessidades reais dos cidadãos. [INSERIR LINKS]


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