Política
Governo Lula recusa solicitação dos EUA para incluir PCC e Comando Vermelho na lista de organizações terroristas

O Brasil deu um sonoro “não” aos Estados Unidos. Em reunião realizada nesta semana em Brasília, o governo Lula rejeitou a proposta americana de enquadrar o PCC e o Comando Vermelho como organizações terroristas.
A decisão, que mexe diretamente com a soberania nacional, levanta o pano para um jogo de interesses que vai muito além do combate ao crime.
Os americanos vieram preparados
Não foi uma visita qualquer. A comitiva americana desembarcou em Brasília com uma missão clara: convencer as autoridades brasileiras a mudarem o status legal de nossas maiores facções criminosas.
David Gamble, chefão interino das sanções do Departamento de Estado, trouxe números na manga para impressionar os anfitriões. Segundo o FBI, PCC e Comando Vermelho já atuam em pelo menos 12 estados americanos. Nova York, Flórida, Nova Jersey, Massachusetts, Connecticut e Tennessee já sentem a presença dos brasileiros, principalmente em esquemas sofisticados de lavagem de dinheiro.
“Mais de cem brasileiros já tiveram vistos negados depois que descobrimos ligações com essas organizações”, revelou um dos participantes da reunião.
Não é segredo para ninguém que essa ofensiva faz parte da operação Trump 2.0. Desde que voltou à Casa Branca, o presidente americano vem martelando na tecla de reclassificar grupos criminosos estrangeiros como terroristas. É sua forma de endurecer ainda mais o controle nas fronteiras e vender a imagem de linha-dura contra a imigração ilegal.
Expansão Internacional do PCC e Comando Vermelho: Um Risco Global?
Enquanto o debate sobre a classificação terrorista avança, o PCC e o Comando Vermelho ampliam suas operações além das fronteiras brasileiras. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelam que:
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O PCC controla 70% das rotas de cocaína na América do Sul.
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O Comando Vermelho domina o tráfico no Rio de Janeiro e atua em parceria com cartéis mexicanos, como o Cártel de Sinaloa.
Caso Recente: PCC na Europa
Em 2023, a polícia espanhola desmantelou uma célula do PCC em Madri, responsável por lavar R$ 500 milhões via criptomoedas. Esse caso reforça a tese de que a falta de classificação como terrorismo facilita a infiltração dessas facções em economias legítimas.
Por que o Brasil disse não
O pessoal do Itamaraty, Ministério da Justiça e Polícia Federal não caiu na conversa. Educadamente, explicaram aos visitantes que nossa legislação tem outros critérios.
Para virar organização terrorista no Brasil, não basta ser criminoso – é preciso ter motivação ideológica, política ou religiosa. Está tudo escrito na Lei 13.260/2016, nossa Lei Antiterrorismo. E convenhamos, por mais perigosos que sejam, PCC e Comando Vermelho estão mesmo é atrás do dinheiro.
“Somos países soberanos, com sistemas legais diferentes. Respeitamos a abordagem americana, mas temos nossas próprias formas de combater o crime organizado”, comentou um diplomata que pediu anonimato.
Na conversa, os brasileiros fizeram questão de mostrar que não estão de braços cruzados. Citaram o isolamento de lideranças em presídios federais, as forças-tarefa do Gaeco e a cooperação com países vizinhos na América Latina.
As diferenças que importam
Engana-se quem pensa que isso é apenas burocracia legal. A distinção entre crime organizado e terrorismo tem consequências práticas enormes.
O que muda na prática | Se for crime organizado | Se for terrorismo |
---|---|---|
Tratamento legal | Penas severas, mas sem status especial | Regimes especiais de prisão e investigação |
Cooperação internacional | Acordos específicos de combate ao crime | Sanções globais automáticas |
Imagem do país | Problema de segurança pública | Associação com extremismo |
Impactos diplomáticos | Limitados a questões policiais | Potencial isolamento internacional |
Brasileiros no exterior | Tratamento caso a caso | Possível discriminação generalizada |
Um delegado da PF que participou do encontro explicou o óbvio: “Uma coisa é enfrentar uma organização que quer lucrar com o tráfico. Outra completamente diferente é lidar com quem quer derrubar um governo ou impor uma ideologia pela violência”.
3 Riscos Imediatos da Decisão do Governo Lula
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Descoordenação com Aliados:
Países como os EUA podem reduzir compartilhamento de inteligência, visto que o Brasil não reconhece a gravidade das facções. -
Aumento do Poder Financeiro:
Sem bloqueios internacionais a contas bancárias, o PCC movimentou US$ 1,2 bi em 2023 apenas no Paraguai, segundo o Departamento de Estado Americano. -
Crescimento Territorial:
Relatórios indicam que o Comando Vermelho já atua em 16 estados brasileiros, controlando até serviços básicos em favelas.

O jogo político por trás da cortina
A reunião aconteceu na terça-feira (6), mas seus bastidores começaram antes. Na véspera, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) teve um encontro particular com Ricardo Pita, um dos americanos da comitiva. O assunto? “Segurança pública”.
Enquanto isso, seu irmão Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos, postou nas redes sociais insinuando que a visita de Gamble poderia incluir conversas sobre possíveis sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
A articulação mostrou como o tema não é apenas técnico, mas profundamente político. De um lado, o governo Lula buscando autonomia nas decisões de segurança. Do outro, a oposição tentando alinhar-se com os interesses americanos.
Como o Brasil realmente combate as facções
Longe dos holofotes, o Brasil tem sua própria estratégia para combater PCC e Comando Vermelho. E não é de hoje.
Nos presídios federais, lideranças ficam isoladas, com comunicação externa restrita. As visitas são monitoradas e as cartas, lidas. O objetivo é claro: cortar a cabeça da serpente.
Nas ruas, o Gaeco trabalha para desmontar as operações financeiras. Cada vez que uma conta bancária é bloqueada ou um laranja é preso, o fluxo de dinheiro é interrompido. É aí que as facções mais sentem.
Nas fronteiras, a cooperação com Paraguai, Bolívia e Colômbia tem dado resultados. Apreensões de drogas batem recordes ano após ano, mesmo que o problema esteja longe de ser resolvido.
“Nossa abordagem pode não ser perfeita, mas tem lógica. Tratamos o problema como ele é: crime organizado com motivação econômica”, explicou um experiente promotor do Gaeco.
O que vem pela frente
O “não” brasileiro não significa o fim da conversa. Fontes do Itamaraty garantem que a cooperação com os EUA continuará em outras frentes. Afinal, ambos os países têm interesse em combater o tráfico internacional e a lavagem de dinheiro.
A tendência é que Brasil e Estados Unidos intensifiquem o compartilhamento de informações sobre movimentações financeiras suspeitas. Também deve avançar a capacitação conjunta de forças policiais e a troca de tecnologias de investigação.
“Discordamos do rótulo, não da necessidade de enfrentar essas organizações”, resumiu um assessor do Ministério da Justiça.
O episódio mostra como o Brasil tenta equilibrar-se entre manter boas relações com os EUA e preservar sua autonomia em temas sensíveis. Num mundo onde a pressão internacional só aumenta, esse jogo de cintura será cada vez mais necessário.
Enquanto isso, nas quebradas e morros controlados pelo crime organizado, a vida segue seu ritmo próprio, distante das discussões diplomáticas sobre como classificar quem já manda em territórios inteiros do país.

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