Quem tem ansiedade pode tomar café? E álcool? Veja vilões e mocinhos da sua saúde mental

A Relação Surpreendente Entre Café e Transtornos de Ansiedade

97% dos brasileiros iniciam seu dia com uma xícara de café quente, segundo estudo recente do Instituto Agronômico em parceria com a Unicamp.

Mas você sabia que esta bebida tão apreciada permanece no seu organismo por até 7 horas, podendo agravar significativamente quadros de ansiedade em pessoas predispostas?

O impacto da alimentação na saúde mental tornou-se tema central nas pesquisas neurológicas recentes. A conexão entre o que consumimos e como nos sentimos não é apenas cultural ou psicológica – existe uma base bioquímica robusta que explica como substâncias como a cafeína interferem diretamente na produção de neurotransmissores cerebrais.

Neste artigo, vamos esclarecer definitivamente se quem tem ansiedade pode tomar café, quais os limites seguros de consumo para pessoas ansiosas, e quais alternativas podem trazer benefícios sem os efeitos colaterais.

Apresentaremos dados exclusivos de especialistas da Harvard Medical School e estudos brasileiros recentes que mudaram nossa compreensão sobre a relação entre dieta e saúde mental.

Por que a cafeína intensifica sintomas de ansiedade? A Ciência Explica.

A cafeína permanece em nosso organismo por períodos muito mais longos do que imaginamos. De acordo com Rafael Claro, professor do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), “o consumo repetido de café ao longo do dia pode criar ciclos sobrepostos de cafeína no organismo, potencializando o estresse e comprometendo significativamente a qualidade do sono” (Fonte: Estudo UFMG 2024).

Esta sobreposição cria um ciclo particularmente nocivo para pessoas com predisposição à ansiedade:

1. A cafeína bloqueia receptores de adenosina, impedindo a sensação natural de cansaço
2. O sistema nervoso central permanece em estado de alerta prolongado
3. A produção de cortisol (hormônio do estresse) aumenta progressivamente
4. O descanso noturno torna-se fragmentado e superficial
5. A privação de sono agrava sintomas ansiosos preexistentes

Tamires Correia, designer de 30 anos que convive com transtorno de ansiedade, compartilha sua experiência: “Adorava meu café forte pela manhã e outro após o almoço. Quando percebi que ficava mais agitada e com palpitações nos dias de maior consumo, comecei a notar padrões que nunca havia conectado antes” (confesso que me identifiquei bastante com este relato, já que passei por situação semelhante).

Dose Segura: Quantas xícaras de café são aceitáveis para quem tem ansiedade?

Para quem lida com transtornos ansiosos, os especialistas estabeleceram parâmetros claros – e talvez mais restritivos do que muitos gostariam de ouvir.

“O limite recomendado para pessoas com quadros de ansiedade é de no máximo duas xícaras pequenas (aproximadamente 140ml cada) por dia, preferencialmente consumidas antes das 14h”, orienta Rafael Claro. Além disso, há momentos específicos nos quais o café deve ser completamente evitado:

• Nos primeiros 30 minutos após acordar (período de pico natural de cortisol)
• Após as refeições principais, especialmente o almoço
• Em dias de estresse elevado ou após noites mal dormidas
• Durante crises agudas de ansiedade

Alimentos transformadores vs. vilões da saúde mental.

A dieta moderna, rica em ultraprocessados e estimulantes, tem contribuído silenciosamente para o aumento global nos casos de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).

Uma Naidoo, diretora de Psiquiatria Nutricional no Hospital de Massachusetts e professora na Harvard Medical School, aponta que “o intestino é nosso segundo cérebro, produzindo mais de 90% da serotonina do corpo – quando o inflamamos com alimentos inadequados, comprometemos diretamente nossa capacidade de regular emoções”.

Vilões alimentares que potencializam a ansiedade (além do café)

Estudos publicados na revista Nutrients em 2023 identificaram os principais alimentos que podem agravar quadros ansiosos. Esta lista vai além do café e traz revelações importantes:

1. Bebidas energéticas: além da cafeína, contêm taurina e outros estimulantes que provocam picos de excitação seguidos por depressão orgânica aguda.

2. Álcool: Embora pareça relaxante inicialmente, um estudo de abril de 2023 publicado na Alcoholism: Clinical & Experimental Research demonstrou que o álcool intensifica os efeitos da ansiedade desde a euforia inicial até os sintomas da ressaca.

   Stephanie Palacio, de 21 anos, notou uma transformação significativa após eliminar o álcool de sua dieta. “A sensação é que a ansiedade ocupava toda a minha casa mental.” Sem o álcool, ela mal passa do hall de entrada da minha mente”, relata.

3. Alimentos ultraprocessados: causam inflamação intestinal direta, comprometendo a produção de neurotransmissores essenciais para o equilíbrio emocional.

Álcool: o “relaxante” que piora tudo

“Parece ajudar, mas é uma armadilha”, conta Tamires, que cortou drinks há 1 ano. A ciência explica:

1. Fase 1 (30min): Inibe GABA (neurotransmissor calmante)

2. Fase 2 (2h): Estimula glutamato (ansiedade explosiva)

3. Fase 3 (dia seguinte): Ressaca mental + cortisol nas alturas

Dado chocante: Quem bebe regularmente tem 3x mais crises (Alcoholism Journal 2023). A solução? Experimente estas alternativas:

✅ Água com gás + limão siciliano
✅ Chá de camomila com gengibre ralado
✅ Suco de maracujá sem coar (polpa tem 40% mais passiflorina)

Mocinhos Nutricionais: 5 Alimentos Que Acalmam o Cérebro Ansioso

A pesquisa da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) identificou compostos específicos capazes de aliviar sintomas de ansiedade leve a moderada:

• Brócolis e vegetais crucíferos: ricos em sulforafano, antioxidante com propriedades anti-inflamatórias para o sistema nervoso central.

• Frutas cítricas: A laranja e similares fornecem vitamina C, melhorando a absorção de ferro e reduzindo sintomas de transtornos psicológicos em 28%, segundo o estudo.

• Combinação arroz e feijão: fornece fibras solúveis essenciais para a saúde intestinal, impactando diretamente a produção de neurotransmissores.

• Alimentos fermentados: probióticos específicos como Lactobacillus helveticus R0052 e Bifidobacterium longum R0175 demonstraram capacidade de aumentar a produção de GABA, neurotransmissor que reduz a ansiedade e melhora o sono.

• Chocolate amargo (acima de 70% cacau): contém flavonoides que melhoram o fluxo sanguíneo cerebral e antioxidantes que reduzem inflamação.

“Quando eliminei ultraprocessados como miojo e biscoitos recheados e priorizei alimentos integrais, percebi uma melhora notável no meu humor e nos episódios de ansiedade”, compartilha Stephanie Palacio, que transformou sua relação com a alimentação após ser diagnosticada com ansiedade na adolescência.

Equilíbrio entre prazer e bem-estar: um caminho possível

Quem tem ansiedade pode tomar café? A resposta não é binária — depende de vários fatores individuais e contextuais. Para quem não consegue abandonar completamente este hábito, existem estratégias práticas para minimizar os impactos negativos:

1. Prefira versões orgânicas de café, evitando aditivos como açúcar refinado e cremes artificiais
2. Monitore sua qualidade de sono com aplicativos ou diário de sono para identificar padrões
3. Considere o café descafeinado de qualidade, que mantém o sabor sem os efeitos estimulantes
4. Introduza pausas regulares de 3-4 dias sem café para “resetar” a sensibilidade à cafeína
5. Experimente alternativas como chá verde, que oferece cafeína em menor concentração e com efeito mais suave

Principais dicas para levar consigo:

• A cafeína permanece no organismo por 3-7 horas, podendo acumular no sistema e agravar a ansiedade
• O limite seguro para pessoas ansiosas é de até duas xícaras pequenas por dia, sempre antes das 14h
• A combinação de alimentação balanceada e probióticos específicos pode reduzir significativamente sintomas ansiosos

Você já percebeu alguma relação entre seu consumo de café e episódios de ansiedade? Compartilhe sua experiência nos comentários e considere agendar uma consulta com um nutricionista especializado em saúde mental para uma avaliação personalizada.

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