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Saúde

Neurologista alerta para sintomas leves que podem surgir antes do AVC e ninguém deveria ignorar

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O cenário da saúde vascular no Brasil em 2025 acendeu um sinal de alerta vermelho para médicos e autoridades. Estatísticas recentes apontam que o país registrou uma morte por Acidente Vascular Cerebral (AVC) a cada 6 ou 7 minutos.

Essa doença, que permanece como a principal causa de morte e incapacidade permanente no Brasil e no mundo, é muitas vezes silenciosa antes de ser devastadora.

O AVC ocorre, basicamente, quando o “combustível” do cérebro é cortado. Isso acontece quando o fluxo sanguíneo para uma região cerebral é interrompido — seja por um entupimento de uma artéria (AVC Isquêmico) ou pelo rompimento de um vaso (AVC Hemorrágico). Sem oxigênio e nutrientes, os neurônios começam a morrer em questão de minutos, comprometendo funções vitais como a fala, a visão e a mobilidade.

No entanto, o maior perigo reside na desinformação. Enquanto a maioria das pessoas espera ver alguém desmaiar ou paralisar completamente para buscar ajuda, neurologistas alertam: o corpo costuma dar avisos prévios, muitas vezes sutis, que são tragicamente ignorados.

O Perigo dos “Sintomas Passageiros”

A crença popular de que todo AVC é um evento dramático e instantâneo é um mito perigoso. Muitos pacientes apresentam o que os médicos chamam de “pródromos” ou sinais de alerta precoces.

São alterações discretas, pequenas falhas no sistema nervoso, que podem durar apenas alguns minutos e depois desaparecer. Essa natureza passageira faz com que o paciente pense: “Foi só um mal-estar, já passou”. Mas, fisiologicamente, essas mudanças indicam que uma região do cérebro já está sofrendo com a redução do fluxo sanguíneo (isquemia).

Para ajudar na identificação precoce, especialistas listaram os 7 sinais “leves” que exigem ida imediata ao pronto-socorro:

  1. Dificuldade súbita na fala: Articular palavras de forma “enrolada” ou arrastada, como se estivesse embriagado.

  2. Confusão mental repentina: Incapacidade de formular frases com clareza ou compreender o que os outros dizem.

  3. Perda visual parcial: Uma “cortina” preta ou cinza cobrindo parte do campo de visão.

  4. Cegueira momentânea (Amaurose Fugaz): Perda de visão em apenas um dos olhos, que pode durar segundos.

  5. Visão dupla (Diplopia): Começar a ver objetos duplicados de forma abrupta.

  6. Desequilíbrio inexplicável: Tontura súbita, vertigem ou alteração na coordenação motora (como tropeçar ou derrubar objetos).

  7. Paresia ou Parestesia: Dormência, fraqueza ou formigamento em apenas um lado do corpo (rosto, braço ou perna).

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A “Falsa Calmaria”: Entendendo o AIT

O Dr. Thiago Taya, neurologista e neuroimunologista do Hospital Brasília Águas Claras (Rede Américas), traz um esclarecimento crucial sobre esses sintomas que vêm e vão. Segundo o especialista, muitos desses quadros são, na verdade, um Ataque Isquêmico Transitório (AIT).

“Se o sintoma aparece e some rapidamente, existe a falsa sensação de que está tudo bem. Mas esse é exatamente o tipo de situação que pode anteceder um AVC nas semanas seguintes, especialmente quando há fatores cardiovasculares não controlados”, alerta Taya.

O AIT funciona como um “mini-AVC”. Ocorre uma interrupção temporária do sangue, causando os mesmos sintomas do derrame, mas o organismo consegue dissolver o coágulo ou restabelecer o fluxo sozinho antes que haja morte neuronal extensa.

No entanto, o neurologista reforça que o AIT é o aviso final do corpo. Ele indica que o sistema circulatório cerebral está instável. Estatísticas médicas mostram que o risco de um AVC definitivo e catastrófico aumenta drasticamente nos dias ou semanas seguintes a um AIT não tratado.

Fatores de Risco: Quem está na mira?

Não é apenas o azar que determina quem sofrerá um AVC. De acordo com o neurologista Alexandre Bossoni, do Hospital Santa Paula (São Paulo), os fatores que desencadeiam esses sintomas leves são os mesmos que causam o AVC fulminante.

A saúde dos vasos sanguíneos cerebrais é um reflexo direto do estilo de vida e do controle de doenças crônicas. “Idade, sedentarismo, tabagismo, pressão alta, obesidade, colesterol alto e diabetes não tratada são os grandes vilões”, explica Bossoni.

Em alguns pacientes, a obstrução ocorre em artérias muito finas (microvasos), gerando quadros mais brandos. Mas a aparência “leve” não diminui a gravidade clínica. Lesões pequenas podem deixar sequelas cognitivas acumulativas e, principalmente, sinalizar que uma artéria maior pode ser a próxima a entupir.

Protocolo de Ação: O Método BE FAST

Diante de qualquer suspeita, o tempo é o recurso mais valioso. “Tempo é cérebro”, diz o ditado médico. Tratamentos modernos, como a trombólise (remédio na veia para dissolver coágulos) ou a trombectomia (cateterismo cerebral), só funcionam se aplicados nas primeiras horas após o início dos sintomas.

Para facilitar o reconhecimento por leigos, médicos recomendam o protocolo BE FAST (ou SAMU, na adaptação brasileira). Se notar qualquer alteração súbita, faça o teste:

  • B (Balance/Equilíbrio): A pessoa perdeu o equilíbrio ou está tonta de repente?

  • E (Eyes/Olhos): Houve perda de visão em um ou ambos os olhos?

  • F (Face): Peça para a pessoa sorrir. Um lado do rosto está caído ou torto?

  • A (Arms/Braços): Peça para levantar os dois braços. Um deles cai ou está fraco?

  • S (Speech/Fala): A fala está estranha, enrolada ou confusa?

  • T (Time/Tempo): Se notar qualquer um desses sinais, é hora de ligar para a emergência ou correr para o hospital.

A recomendação final dos especialistas é clara: na dúvida, não espere passar. É preferível ir ao hospital e descobrir que foi um alarme falso do que ficar em casa e perder a janela de tratamento de um AVC em curso.

Nota de responsabilidade: Este artigo tem caráter informativo e educativo. Ele não substitui o diagnóstico profissional. Em caso de emergência médica, procure imediatamente um pronto-socorro.


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