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Lula é humilhado por líder indígena no palco e fica tão bravo que grita com ela; VEJA VÍDEO


A cerimônia de repatriação do manto tupinambá, realizada na noite desta quinta-feira (12) no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, foi marcada por um tenso debate entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a liderança indígena Yakuy Tupinambá, de Olivença, Bahia.


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Presidente rebate insatisfação de lideranças indígenas e critica atuação do Congresso e Judiciário

A cerimônia de repatriação do manto tupinambá, realizada na noite desta quinta-feira (12) no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, foi marcada por um tenso debate entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a liderança indígena Yakuy Tupinambá, de Olivença, Bahia.

O evento, que deveria celebrar a devolução da peça histórica, acabou expondo divergências sobre a condução da pauta indígena pelo governo federal.

Lula se viu no centro de uma crítica contundente por parte de Yakuy, que ultrapassou o tempo de fala permitido para ler um manifesto assinado por 23 aldeias da Bahia. O documento expressa insatisfação com a postura do governo em relação aos direitos dos povos originários e critica a aprovação da lei do marco temporal, que restringe os direitos territoriais indígenas.

“Se eu tivesse o poder que ela [Yakuy] pensa que eu tenho, não estaria aqui comemorando um manto. Estaria comemorando a vida de milhões de indígenas que morreram neste país, escravizados pelo colonizador europeu”, respondeu Lula, referindo-se ao descontentamento manifestado pela liderança.

Yakuy, por sua vez, não poupou palavras em seu discurso, no qual chamou o presidente de “filho da dona Lindu”, em referência à mãe de Lula. Ela acusou o Estado brasileiro de manter uma postura colonizadora e de ferir os direitos originários dos povos indígenas. “Temos hoje o pior Congresso da história, um Judiciário egocêntrico e parcial, e um governo enfraquecido, acorrentado às alianças e conchavos para se manter no poder”, afirmou.

Lula foi o último a discursar no evento e aproveitou o momento para agradecer ao governo da Dinamarca pela devolução do manto, que estava na Europa desde o século 17. O presidente também fez um apelo ao governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), para que construa um espaço adequado no estado para abrigar a peça histórica.

Em resposta direta à liderança indígena, Lula pediu que Yakuy reconsiderasse seu discurso. “Aqui não tem subserviência para ficar no poder. Não preciso disso”, afirmou o presidente, destacando a dificuldade de aprovar medidas no Congresso devido à oposição de parte dos parlamentares. “Eu tenho nove senadores entre 81, e para aprovar as coisas sou obrigado a conversar com quem não gosta de mim”, completou.

O presidente também reiterou sua posição contrária à tese do marco temporal, que restringe os direitos territoriais dos indígenas às áreas ocupadas por eles em 1988, ano da promulgação da Constituição.

Insatisfação crescente com o governo federal

O embate entre Lula e as lideranças indígenas não é um fato isolado. Desde o início do atual governo, os povos indígenas têm expressado descontentamento com a condução das políticas indigenistas. Após a posse de Lula, que contou com a presença simbólica do cacique Raoni Metuktire subindo a rampa do Palácio do Planalto, as expectativas de avanços na pauta indígena foram frustradas.

Em maio do ano passado, a retirada de poder das pastas de Marina Silva (Meio Ambiente) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas) gerou uma onda de protestos, aprofundando o desgaste entre o governo e as lideranças indígenas. Além disso, a promessa de demarcar seis terras indígenas no primeiro ano de mandato foi cumprida apenas parcialmente, com a demarcação de duas áreas.

Na época, a Casa Civil justificou a demora afirmando que o governo optou por “agir com maior segurança social e jurídica”. Entretanto, para as lideranças indígenas, as ações do governo têm sido insuficientes, e o descontentamento continua a crescer.

A cerimônia, que deveria ser um marco histórico de reparação, acabou se transformando em um palco de críticas e cobranças, refletindo a tensão entre o governo Lula e as comunidades indígenas.


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