Economia
Lula aprova fim do saque-aniversário do FGTS criado por Bolsonaro para beneficiar trabalhadores
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu aval para o fim do saque-aniversário do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), de acordo com anúncio do ministro do Trabalho, Luiz Marinho.
Governo quer facilitar acesso ao empréstimo consignado para trabalhadores do setor privado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu aval para o fim do saque-aniversário do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), de acordo com anúncio do ministro do Trabalho, Luiz Marinho. A decisão visa substituir o atual modelo por um sistema que amplie o acesso ao crédito consignado para os trabalhadores da iniciativa privada, oferecendo novas opções de financiamento com base no FGTS.
O saque-aniversário foi criado em 2020, durante o governo Bolsonaro, para permitir ao trabalhador sacar parte do saldo das contas ativas e inativas do FGTS, anualmente, durante o mês do seu aniversário.
A adesão ao saque-aniversário é opcional. Em caso de demissão, o trabalhador que aderiu ao saque somente tem direito à multa rescisória (de 40% paga pela empresa) e não ao valor integral acumulado no FGTS.
Em entrevista ao portal g1, Marinho afirmou que Lula está pressionando por uma solução rápida. “Cadê o consignado? Porque nós aqui vamos oferecer um direito a pessoas que hoje não estão cobertas em nenhum lugar”, disse o ministro.
Fim do saque-aniversário e novas regras para o FGTS
O saque-aniversário permite que o trabalhador retire anualmente parte do saldo de sua conta no FGTS no mês de seu aniversário. Além disso, o trabalhador pode optar por antecipar até cinco parcelas do saque, através de empréstimos bancários, que são pagos com juros. No entanto, em caso de demissão, o trabalhador que aderiu ao saque-aniversário só tem direito a sacar a multa rescisória de 40%, sem poder acessar o saldo total do fundo.
A proposta do governo também prevê que as empresas não precisariam mais autorizar os empréstimos consignados. Nesse novo modelo, o banco que concedeu o crédito apenas informaria a empresa, que seria responsável por transferir a parcela do salário diretamente para o pagamento da dívida.
Além disso, há a possibilidade de que os períodos de saque em aberto sejam encerrados ou convertidos para a modalidade de crédito consignado, facilitando o acesso dos trabalhadores ao crédito, sem a necessidade de aguardar a data do aniversário.
Resistência no Congresso e debate sobre juros
Embora a Casa Civil e o Ministério do Trabalho apoiem a ideia, a proposta enfrenta resistência no Congresso. Parlamentares demonstram preocupação com o fato de que as taxas de juros do crédito consignado podem ser mais elevadas do que as atualmente aplicadas ao saque-aniversário, o que poderia prejudicar os trabalhadores. Marinho admitiu que a aprovação do projeto depende de negociações com o Legislativo, especialmente com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD).
O ministro destacou que o governo tem trabalhado para ajustar o projeto de forma a garantir que as taxas de juros sejam competitivas, tendo em vista as garantias que o trabalhador oferece ao utilizar o FGTS como base para o crédito.
Valor do saque-aniversário
Em 2023, o saque-aniversário movimentou cerca de R$ 38,1 bilhões, sendo que R$ 14,7 bilhões foram pagos diretamente aos trabalhadores.
Outros R$ 23,4 bilhões foram destinados às instituições financeiras como garantia para operações de crédito, em função da antecipação dos valores.
Parlamentares e membros do governo esperam que, com a mudança, seja possível manter taxas de juros semelhantes às oferecidas atualmente no saque-aniversário, sem comprometer os direitos dos trabalhadores e permitindo o acesso mais amplo ao crédito consignado.
Com as negociações ainda em andamento, a decisão final sobre a extinção do saque-aniversário e a implementação do novo modelo depende de um consenso entre o governo e o Congresso Nacional.