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Política

Governo Lula financia ONGs ligadas ao PT para distribuição de quentinhas, mas refeições não são entregues


O governo federal fechou um contrato de R$ 5,6 milhões com a ONG Movimento Organizacional


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Uma investigação revelou que milhões de reais destinados pelo Ministério do Desenvolvimento Social para a distribuição de refeições a pessoas em situação de vulnerabilidade social não estão chegando ao público-alvo.

O programa Cozinha Solidária, criado pelo governo Lula e liderado pelo ministro Wellington Dias, enfrenta suspeitas de irregularidades após visitas a endereços indicados no projeto não encontrarem sinais de produção e entrega das quentinhas.

Contratos milionários e conexões políticas

O governo federal fechou um contrato de R$ 5,6 milhões com a ONG Movimento Organizacional Vencer, Educar e Realizar (Mover Helipa), comandada por José Renato Varjão, ex-assessor do deputado federal Nilto Tatto (PT-SP).

A entidade, responsável pela execução do programa em São Paulo, subcontratou outras ONGs administradas por ex-integrantes de gabinetes petistas, levantando dúvidas sobre o direcionamento dos recursos.

Um dos casos mais emblemáticos é o da Cozinha Solidária Madre Teresa de Calcutá, localizada no bairro Jardim Varginha, Zona Sul de São Paulo. O contrato previa a entrega de 4.583 refeições por mês, mas a reportagem encontrou o local fechado. Moradores afirmaram desconhecer qualquer atividade de distribuição de alimentos na região. A ONG é liderada por Paula Souza Costa, ex-assessora do ex-vereador Arselino Tatto (PT).

Inconsistências na prestação de contas

A organização de Paula Costa informou ao governo que entregou apenas 250 refeições em janeiro, cerca de 5% do estipulado em contrato. No entanto, documentos oficiais indicam que ela recebeu R$ 11 mil pelo fornecimento integral das 4.583 quentinhas em dezembro de 2024.

A justificativa da ex-assessora foi que realizou uma parceria com outra ONG, mas a prestação de contas apresentou irregularidades, incluindo recibos assinados sem comprovação real da entrega das refeições.

Endereços incompatíveis e produção inexistente

Outra entidade envolvida, a Cozinha Solidária Unidos Pela Fé, localizada em Parelheiros, também na Zona Sul da capital paulista, deveria fornecer o mesmo número de refeições.

No entanto, o endereço registrado é, na verdade, a residência de Claudinei Florêncio, ex-assessor de Arselino Tatto. Apesar de alegar que começaria a distribuição em fevereiro, Florêncio já havia declarado ao governo que entregou as 4.583 quentinhas em dezembro. Confrontado sobre a contradição, não se manifestou.

Irregularidades em cadeia

A investigação revelou um padrão entre as ONGs contratadas, muitas delas ligadas a ex-assessores do PT. A Cozinha Solidária Instituto Rosa dos Ventos, comandada por Anderson Clayton Rosa, assessor do deputado federal Nilto Tatto, entregou apenas 400 das 4.583 refeições contratadas em janeiro.

Além disso, a Cozinha Solidária Divino Espírito Santo, registrada em nome de um ex-auxiliar do deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT), também apresentou inconsistências na prestação de contas.

Outro ponto alarmante foi a identificação de 13 relatórios de prestação de contas com termos idênticos e rubricas semelhantes, indicando que foram elaborados por um mesmo usuário, Fábio Rubson da Silva, advogado da Mover Helipa. Ele alegou que apenas organizou os documentos, mas a repetição dos conteúdos levanta suspeitas sobre a autenticidade dos dados fornecidos ao governo.

Resposta do governo e próximos passos

O Ministério do Desenvolvimento Social declarou que realizará auditorias para verificar a execução do programa. Caso sejam comprovadas irregularidades, as entidades poderão ter os repasses suspensos, serem obrigadas a devolver os recursos à União e até serem descredenciadas do projeto.

Segundo José Renato Varjão, responsável pela Mover Helipa, ele irá verificar se as ONGs estão cumprindo os contratos e garantiu que qualquer entidade em desacordo terá que devolver os valores recebidos.

O caso levanta questionamentos sobre a transparência e fiscalização na execução do programa Cozinha Solidária, especialmente no uso de recursos públicos para projetos sociais. A revelação de falhas no fornecimento das refeições reforça a necessidade de maior rigor na destinação de verbas para garantir que a ajuda chegue efetivamente a quem precisa.


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