Economia
Fraude no INSS: associação filiou 1.500 aposentados por hora em esquema bilionário
Uma associação envolvida em esquema bilionário no INSS teria filiado cerca de 1.500 aposentados por hora. Entenda os desdobramentos dessa operação federal e como isso afeta os beneficiários.

Um relatório recente da Controladoria-Geral da União (CGU) revelou detalhes alarmantes sobre o esquema bilionário de fraudes que atingiu o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Entre as descobertas mais impressionantes está o ritmo vertiginoso de filiações promovido por uma das associações envolvidas, que chegou a registrar 1.569 aposentados por hora – um número que levanta sérias questões sobre a legitimidade dessas operações.
Como funcionava o esquema de filiações em massa
O documento da CGU, obtido com exclusividade pela CNN Brasil, aponta que a Associação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas da Nação (Abapen) liderou o ranking das entidades com maior volume de filiações, alcançando a marca de 12.554 pessoas cadastradas em um único dia.
Este ritmo acelerado de filiações levanta bandeiras vermelhas evidentes quando analisado sob a perspectiva operacional. Para contextualizar, considerando uma jornada de 8 horas diárias em 20 dias úteis por mês:
- A Abapen processava 1.569 filiações por hora
- Isso equivale a aproximadamente 26 novos filiados por minuto
- Ou ainda, um novo aposentado cadastrado a cada 2,3 segundos
“É matematicamente impossível realizar filiações legítimas nesse ritmo, especialmente considerando que cada processo exigiria verificação de documentos, consentimento expresso e procedimentos administrativos”, explica um especialista em seguridade social que preferiu não se identificar.
As 10 associações com maior volume de filiações suspeitas
O relatório da CGU identificou dez entidades associativas e sindicatos envolvidos no esquema de inclusão de descontos não autorizados. Todas apresentavam padrões suspeitos de crescimento acelerado em seu quadro de filiados:
Entidade | Filiações por Hora |
---|---|
Abapen | 1.569 |
CAAP (Caixa de Assistência dos Aposentados e Pensionistas do INSS) | 1.351 |
CBPA (Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura) | 1.174 |
ABSP (Associação Brasileira Dos Servidores Públicos) | 1.019 |
Cebap (Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas) | 901 |
Master Prev (Associação de Clube de Benefícios) | 879 |
Abrasprev (Associação Brasileira dos Contribuintes do Regime Geral da Previdência Social) | 869 |
Anddap (Associação Nacional de Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas) | 849 |
Ambec (Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos) | 846 |
AAPB (Associação dos Aposentados e Pensionistas Brasileiros) | 778 |
Indícios de irregularidades identificados pela CGU
A investigação da Controladoria apontou diversos elementos que reforçam as suspeitas sobre a legitimidade das filiações:
- Dispersão geográfica incompatível: A CGU encontrou registros de descontos em beneficiários residentes em todas as 27 unidades federativas. “Chama a atenção, ainda, o fato de que a maior quantidade de filiados de seis das dez entidades está em unidade federativa diferente da UF em que está sua sede”, destaca o relatório.
- Falta de infraestrutura operacional: As entidades não apresentaram documentações adequadas para comprovar capacidade operacional compatível com o volume de associados, seja no momento da formalização dos Acordos de Cooperação Técnica (ACT) com o INSS, seja quando questionadas diretamente pela CGU.
- Ausência de verificação documental: Um dos pontos mais graves apontados no relatório é que o INSS admitiu não possuir “competência técnica pericial para conferir/validar a veracidade dos hashs ou logs de sistemas próprios de repositórios de documentação de domínio das entidades”.
- Confiança excessiva na “boa fé”: O INSS informou que baseou a validação das assinaturas digitais que autorizavam os descontos “na boa fé e no respeito à autonomia constitucional e fé pública de que gozam as associações e sindicatos”.
Impacto do Esquema e Números da Fraude
Este esquema de descontos indevidos gerou prejuízos estimados em cerca de R$ 6,3 bilhões aos cofres públicos, segundo as investigações em andamento. Mas, mais importante que o valor financeiro, está o impacto direto na vida de milhões de aposentados e pensionistas que tiveram seus benefícios reduzidos sem consentimento.
Conforme dados recentes divulgados pelo próprio INSS, aproximadamente 4,1 milhões de pessoas podem ter sido vítimas desses descontos irregulares. Aposentados, pensionistas, indígenas e pessoas com deficiência foram alguns dos grupos mais afetados pelo esquema.
Medidas anunciadas pelo INSS.
Em resposta ao escândalo, o INSS emitiu nota oficial informando que:
- Todos os Acordos de Cooperação Técnica (ACT) com entidades e associações foram suspensos
- O dinheiro desviado será devolvido aos beneficiários
- Novos mecanismos de controle serão implementados para evitar fraudes similares
A Advocacia-Geral da União (AGU) já iniciou o levantamento de dados para preparar ações de ressarcimento aos aposentados e pensionistas prejudicados. Segundo fontes do governo, a equipe trabalha inclusive durante feriados para acelerar o processo de devolução dos valores.
Como verificar se você foi vítima da fraude
Se você é beneficiário do INSS e suspeita que pode ter sido afetado por este esquema, existem algumas formas de verificar: Acessando o botão abaixo você vai descobrir se foi vítima da fraude do INSS e como conseguir seu dinheiro de volta.
Alerta contra novos golpes
O INSS emitiu um alerta importante: criminosos já estão se aproveitando do escândalo para aplicar novos golpes, oferecendo falsos serviços de ressarcimento dos valores descontados indevidamente.
“Não compartilhe dados pessoais, documentos ou realize pagamentos para suposta recuperação dos valores. O processo de ressarcimento será conduzido oficialmente pelo governo federal, sem necessidade de intermediários”, orienta o comunicado do INSS.
O ministro da Justiça informou que a investigação da fraude continuará “até as últimas consequências”, com o objetivo de identificar e punir todos os envolvidos no esquema.
Próximos passos das investigações
A Polícia Federal e a CGU seguem com as investigações para apurar a responsabilidade de todos os envolvidos no esquema. Entre os alvos estão:
- Dirigentes das associações beneficiadas pelos descontos
- Servidores públicos que podem ter facilitado as fraudes
- Possíveis participantes do setor privado que contribuíram para a operacionalização dos descontos indevidos
A oposição no Congresso Nacional já protocolou pedido de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso, aumentando a pressão política sobre o governo.
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